quarta-feira, 29 de junho de 2016

30. O emprego febre em Portugal: Porta a Porta

Olá visitantes do blog. Quero lhes falar hoje de uma experiência um tanto usual que venho tendo aqui em Portugal na luta para achar um emprego. O que tenho visto e muito, não só falando por experiência própria, mas também por Brasileiros e outros estrangeiros que aqui vivem e até mesmo arrisco dizer pelos próprios Portugueses é a questão das vagas disponibilizadas de emprego de "grandes grupos corporativos", geralmente em busca de expansão.
As vagas mais fáceis de se encaixar são com certeza ao estilo "pirâmide" como Telexfree, Avon e Herbalife. Eu pessoalmente acho isso um "golpe", uma "fraude", mas que é demais habitual por aqui em Portugal.
Os empregos porta a porta são uma venda direta e nada mais que isso. Mas o detalhe nem está por aí e sim na forma com que os "malandros" aproveitam-se desta situação. Os anúncios geralmente são floridos com frases de "expansão", "trabalho aliciante", empresa do Grupo tal (e aí colocam um nome famoso como empresas de telefonia móvel ou energia elétrica). A forma com que isso é feito é geralmente sempre a mesma, um roteiro ensaiado, uma dinâmica burra e talvez um atentado contra a inteligência das pessoas. Começa por uma ligação. geralmente de alguém interessado em teu CV (isso acontece por despejar uma quantidade enorme de CV mensalmente, seja por via eletrônica ou pessoalmente). A ligação vai citar funções como "atendimento ao cliente", "vendas corporativas", "vagas administrativas e de vendas" em grandes grupos portugueses. Na ligação eles já te marcam uma entrevista geralmente para um ou dois dias depois. Quem já está vacinado como eu (acreditem, já fui em umas vinte destas), começo pesquisando o endereço do local da entrevista. Se no google já aparece como UNIPESSOAL (empresa individual no Brasil), eu já descarto na hora. Tem vezes que o endereço é maquiado e fica perto de uma sede ou escritório real de uma grande empresa e te faz pensar que talvez o compromisso agendado seja verdadeiro e por vezes te deixa esperançoso. Indo na entrevista a primeira coisa que fazem é marcar um bando de pessoas no mesmo horário, o que também não é anormal aqui em Portugal ou em qualquer parte do mundo. A estratégia é apenas te deixar desconfortável e também de certa forma diminuído perante o entrevistador. O golpe começa por ali, pois ninguém durante esta espera te fala realmente do que se trata e também qual é de fato a empresa responsável (nem mesmo a secretária). O que eles fazem é passar uma ficha para preencher, com as mesmas informações do CV outrora enviado. Os entrevistadores geralmente são novos e procuram estar bem vestidos, e começam por perguntar planos futuros, de sua vida e depois explicam o "projeto", mas nada especificamente claro. Tudo com nomenclaturas inglesas (B2C, B2B, GOALS,...). O projeto é composto por 3 fases: a primeira é a saída de campo (porta a porta), a segunda (montar sua equipe) e a terceira seria o Management (que nada mais é que administrar tua própria pirâmide financeira). Eles nunca falam que o trabalho é porta a porta e sim sempre inventam nomes bonitos para o tema como direct sales, relationship and sales marketing e por aí vai. Eles também nunca falam que são uma empresa que na verdade (se é que são empresas) não possuem nenhum vínculo com as empresas colocadas nos anúncios divulgados. Depois de tantas experiências destas, eu pergunto sempre durante a entrevista se a empresa é mesmo a empresa que foi anunciada, depois de muita insistência, inventam uma fábula dizendo que na verdade são grupos canadenses ou americanos ou franceses ligados a empresa que foi divulgada no anúncio.
Durante a entrevista é comum, te falarem e acreditem: fazer questão de frisar que recebem mil CVs por dia e também que estão contratando os melhores profissionais, e que tens sorte de estar ali na entrevista pois é muito concorrido (faz a pessoa sentir-se especial) e também que não sabem o resultado da entrevista e que após a análise te chamarão para uma segunda. A segunda entrevista é o trabalho de campo (um camarada que já está uns dois meses "trabalhando", vai tentar te fazer uma lavagem cerebral e te convencer que vais ganhar rios de dinheiro, vendendo contratos de porta em porta). O "emprego" não tem contrato e nem salário e é por tua própria "capacidade" que vais ganhar muito dinheiro. Quem sabe e conhece, pode afirmar que não é fácil adentrar no íntimo de um lar oferecendo troca de um serviço como luz e telefone que a pessoa já possui e também não é uma coisa ética ganhar dinheiro com pirâmide, tentando aliciar pessoas a trabalharem por e para ti.
Enfim, é um tipo de situação que sempre aparece aqui em Portugal, e que muitas vezes me deixa muito desanimado. Aqui em Portugal e talvez por conta da dimensão populacional e da crise, é muito comum este trabalho e não é somente neste ramo, tem produtos médicos vendidos de porta a porta, as imobiliárias tem vendas porta a porta, essas empresas de produtos estéticos também(isso eu já tinha visto no Brasil) e agora tem estes grandes grupos que na verdade, são pessoas que querem achar um meio de ganhar sem fazer nada.

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